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Gênesis Egípcia e os Neteru primevos

  • Foto do escritor: Laila Uarda
    Laila Uarda
  • 6 de jan. de 2018
  • 3 min de leitura

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De acordo com a cosmologia do antigo Egito o universo é cheio de vida e nele infinitas possibilidades pulsam em estado latente. Vale chamar a atenção para a semelhança com a física quântica. Eles se referem a uma Consciência Superior preexistente. Essa Consciência preexistente criou a si mesma, e os universos, e é imortal, atemporal, onisciente, onipresente e onipotente. Essa Consciência primordial é uma fonte inesgotável de energia, é invisível, sem forma, e está em constante movimento e expansão. Essa força consciente e criadora de tudo que existe nunca teve uma representação física. Os Neteru eram diferentes formas de manifestação desta Consciência. De forma errônea os arqueólogos traduziram o termo Neteru (singular= Neter, feminino= Netert) como correspondente a Deuses, dando a entender que eram entidades independentes, e equivocadamente a crença antiga egípcia foi considerada politeísta. Um exemplo metafórico para compreender melhor essa “divisão” da entidade Una em várias, é a água, que sendo líquida, sólida ou gasosa continua sendo água. Dessa forma os Neteru tem suas próprias personalidades e ações. Eles incorporam e formatam através de suas representações a força atuante do Sem Forma. Os atributos representados pelos neteru são os múltiplos nos quais o Uno se manifesta.

Quatro elementos primitivos compunham o Sem Forma, no ínicio do Universo, que eram representados por quatro Neteru chamados por seus nomes masculinos e femininos, que acabaram sendo retratados como quatro casais, conhecidos como Hemenu – a Ógdoade de Hermópolis: - Nun/ Naunet: um infinito fluído universal, uma matéria não polarizada, que os cientistas atualmente chamam de “sopa de nêutrons”. Também conhecido como o Ser Subjetivo. - Kek/ Kauket: a escuridão (em egípcio, “o que havia antes da luz”, ou “o portador da luz”); - Heh/Hauhet: a eternidade e o espaço infinito (heh significa, em egípcio, “milhão”, e se refere indiscriminadamente ao incomensuravelmente grande, tanto em termos de tempo quanto de espaço que, no domínio do sagrado, são indistintas); - Amon/Amonet: significa “o oculto”, “o invisível”. É a força indefinível e subjacente na qual se baseia a criação do universo. É a essência que define o universo e seus quadrantes.

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No Hemenu - Ogdoade de Hermépolis - os neter (masculino) eram representados graficamente como homens com cabeças de rãs, enquanto as netert eram representadas como mulheres com cabeças de serpentes


A interação genitora destes Neteru fez com que surgisse um elemento uterino. Na primeira versão, uma ave celestial surgida do “lodo” formado por eles, depositou este elemento – um ovo – do qual ao se irromper nasceu Rá, que é a Consciência Divina Absoluta, representada pelo Sol. Numa segunda versão mais tardia, uma ilha surgira em meio o oceano primordial, e nesta ilha havia um poço do qual brotou uma lótus azul. Os Neteru de Hemenu ejaculando nela a fecundaram, e dali nasceu Atum (Ser Objetivo) interpretado como o primeiro átomo que, em uma grande explosão gerou todos os corpos celestes do no nosso Universo. Em determinado período, estes dois nascidos de Hemenu foram considerados um só, chamando-se Atum-Rá . E a partir dele começa a família de Neteru que é chamada de Pesedjet – a Enéade de Heliópolis, que foi o principal panteão de divindades egípcias.

De Rá nascem os Neteru Geradores. Foram os que começaram a gerar a partir da fusão de opostos – colocados pelos egípcios como feminino e masculino, e possuem relação direta com a criação do planeta, são eles: - Shu: neter masculino que representa o ar seco e calor – aquele que sacia a fome; - Tefnut: netert feminina da umidade, do orvalho – aquela que sacia a sede.

Da união deles, surgem Geb, o neter da terra, e Nut, a netert do firmamento celeste. Estes, logo nascidos já se uniram tamanha atração, mas Rá não desejava essa união, e pediu a Shu para que os separassem (provável formação da camada de ozônio). Há várias versões de como Geb e Nut se uniram, e dessa relação surgiu a Primeira Geração de Neteru – Osíris, Ísis, Seth e Tefnut. Sendo assim, completa-se os 9 neteru de Pesedjet.


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1 comentário


Gustavo Machado
Gustavo Machado
07 de jan. de 2018

Muito bacana a matéria!!

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